Tecnologia Eco Sustentável
Bambu, madeira do futuro.
A utilização do bambu tem outras vantagens. O material não é poluente, ao contrário do amianto, cuja utilização está proibida em alguns países europeus por estar associado a certas formas de câncer. Além disso, as reservas de bambu são renováveis. “Por tudo isso, pode-se afirmar que o bambu será o material do século XXI”, afirma o professor, lembrando que o bambu já pode ser cortado após três anos de plantado.
Pouco difundida nos grandes centros do Brasil, a utilização do bambu e de fibras vegetais é mais antiga do que se possa imaginar. No Irã, há registro de habitações com mais de 6 mil anos construídas com palha de trigo. O bambu também é amplamente adotado em países como Japão, China e Filipinas. Na América do Sul, o material foi muito usado na região onde fica a Colômbia, mas boa parte foi destruída no período de colonização espanhola.
Apesar do baixo custo, o bambu ainda é utilizado no Brasil, quase que exclusivamente, em construções temáticas e de luxo. Já na Costa Rica é empregado em casas populares.
Há milênios, esse material dá forma a casas tradicionais em países como o Japão e a China. Nos últimos anos, pesquisas na construção civil avalizaram sua resistência e durabilidade. Arquitetos do mundo todo redescobriram o bambu e passaram a usá-lo em modernas obras públicas.
A necessidade de repensar o consumo de materiais na construção para torná-la mais sustentável do ponto de vista ambiental atrai olhares para a exploração de novas alternativas. E o caso do bambu, visto como a promessa para este século.
De crescimento rápido (em três anos, esta pronta para o corte), essa gramínea gigante chama a atenção, a principio, pela beleza. Mas sua resistência também surpreende: de frágil, ela não tem nada. "Sua compressão, sua flexão e sua tração ja foram amplamente testadas e aprovadas em laboratório", afirma Marco Antônio Pereira, professor do Departamento de Engenharia Mecânica da Unesp, em Bauru, que mora ha dez anos numa casa de bambu.
Além do autoclave, outro procedimento comum chama-se boucherie, em que a seiva e substituída por um composto formado de cloro, bromo e boro. Submergir as varas em água durante 20 dias também produz bons resultados, segundo o pesquisador.
Escadas de bambu, janelas também de bambu, e até bambu prensado na parede. No design das construções, este material 100% natural tem sido amplamente utilizado, seja para dar um toque informal às residências beira-mar ou, mesmo, quando aplicado em paredes, para reduzir os ruídos dentro de casa, o bambu não é novidade. Mas e nas construções? Você já deve ter visto em filmes, em especial da China, casas feitas de bambu. No litoral brasileiro, também não é difícil encontrar uma ou outra casinha feita deste material. Agora, e nos centros urbanos brasileiros?
Embora um tanto incomum, esta é justamente a idéia da mestre em Arquitetura e Urbanismo da UFAL (Universidade Federal de Alagoas), Thaisa Sampaio. Ela, que desde os tempos da graduação estuda o uso do bambu nas construções, defende sua utilização como alternativa para baratear o custo da construção de residências populares nos centros urbanos e, de quebra, reduzir o impacto ambiental, já que este é um material natural e renovável.
"O bambu é amplamente utilizado em diversas partes do mundo, tanto pelo aspecto econômico, como, também, por sua resistência", conta Thaisa. Para se ter uma idéia, uma casa popular feita de bambu, no Equador, onde esta tecnologia já é amplamente utilizada, custa, em média, US$ 400. Já uma casa de alvenaria não sai por menos de US$ 10 mil. Em relação à resistência, Thaisa afirma que o bambu pode ser comparado ao aço e à madeira. "Apesar de entre os três apresentar o menor peso específico, é um material de grande resistência física, podendo ser utilizado para treliças de telhado, estruturas de vigas, pilares, escadas, etc", diz.
Segundo a pesquisadora, o bambu também pode ser utilizado nas construções, como alternativa ao tijolo, sem função estrutural, apenas para o fechamento de paredes. "O bambu pode aparecer em dois tipos de sistema construtivo: como uma taipa (estrutura de bambu amarradas entre si, com acabamento de barro ou cimento que pode ser emassado e pintado), ou como esterilha (estrutura em varas de bambu, fechamento em esteiras de lascas de bambu amarradas e acabamento em cimento, emassado e pintado)."
Thaisa diz acreditar ainda que o bambu pode surgir como alternativa para gerar emprego. "Por ser uma alternativa excessivamente manual, em que se faz necessário o trabalho de corte e amarrações, certamente precisa de mão-de-obra específica para seu manuseio", explica.
Ok, mas se o material tem assim, tantas vantagens, porque sua utilização ainda é questionada? Segundo a pesquisadora, apesar de ser um material 100% natural, o bambu também causa danos ao meio ambiente. Isto porque passa por um processo de queima ao ser utilizado nas construções, despejando CO2 (dióxido de carbono) e poluindo o ar. "Claro que é um dano pequeno se comparado aos depósitos sólidos, líquidos e gasosos despejados no meio ambiente pelo uso de cimento, tijolos e outros materiais", pondera. Além disso, o preconceito da população em relação à resistência do bambu também é outro entrave. Mesmo assim, Thaisa não desamina. "Estes são os dois pontos que pretendo trabalhar em meu doutorado para ampliar a utilização do bambu nas construções", finaliza.
Por que construir com Bambu ?
Considerando o crescimento acelerado da população mundial, e a conseqüente demanda por moradia, a utilização de técnicas e materiais de construção mais ecológicos, vem se tornando uma necessidade para o desenvolvimento de sociedades economicamente justas e ambientalmente equilibradas.
As principais características das construções com bambu são:
Material leve – duas pessoas conseguem construir uma estrutura de grande porte, também sendo possível vencer grandes vãos;
Material de baixo custo – em países onde existe o bambu em abundância, como a Colômbia e Indonésia, as varas tratadas próprias para construção, são vendidas a R$ 4.00 o metro linear em média, com diâmetro de 12 cm. Se na propriedade rural tiver bambu próprio para construção, o custo será apenas a colheita e o tratamento;
Mão de obra artesanal – a mão de obra em construções com bambu é mais trabalhosa, pois o material não tem dimensões perfeitas como a madeira aparelhada, além de que, as técnicas de construção são um pouco diferenciadas;
Versatilidade - O bambu permite ousar da estética, sendo possível utilizá-lo de diversas formas, portanto, o limite é a criatividade;
Resistência – Os colmos de bambu apresentam grande resistência mecânica sendo apropriado ao uso em estruturas.